A cidade possui inúmeras festas. A Festa do Divino Espírito Santo, que acontece 49 dias após o Domingo de Páscoa, e suas Cavalhadas - foi trazida pelos portugueses, e representam a luta entre mouro-árabes de religião muçulmana, que invadiram a Península Ibérica em 711, e cristãos, que os expulsaram em 1139- são uma verdadeira aula de cultura, e que ocorrem em poucas localidades do Brasil de maneira tradicional. A Festa do Peão, que reúne milhares de pessoas, ocorrendo durante as comemorações do aniversário de Jaraguá, na semana de 29 de julho. O Carnaval traz gente de todos os cantos do país, e é reconhecidamente um dos mais tradicionais e efervescentes do Estado de Goiás. Abrindo o Carnaval, acontece o tradicional Bloco do Zé Pereira, onde os homens se vestem como mulher e vice-versa, a diversão é garantida. Não podemos esquecer-nos da Folia de Reis no começo de janeiro, e que acontece em vários pontos do município.
LendasA cidade possui varias lendas que fazem parte do folclore da cidade e que estão publicadas em dois livros. Aqui estão três histórias na mesma linguagem com que foram contadas pela população. * Tereza Bicuda
Tereza Bicuda
No meio religioso e de extrema moralidade da antiga Vila de Jaraguá, Teresa Bicuda era uma aberração social. Descrente, nunca visitava a igreja. Quando era forçada a passar diante de alguma, virava o rosto e praguejava baixinho. A protuberância esquisita dos seus lábios mal feitos valeu-lhe o apelido de Teresa Bicuda. Trabalhava aos domingos. Pra que o povo visse que não respeitava as tradições eclesiásticas. Era a ofensa à consciência das velhas beatas, que diariamente freqüentavam as igrejas e capelas de Jaraguá. O terror da meninada vadia. Os homens, não a temendo, desprezavam-na. Um dia, Teresa Bicuda morreu. Nem uma lágrima surgiu de algum olho cristão. Não merecia lágrimas nem piedade quem não soubera viver e não chamara o padre no seu último momento. Era costume colonial enterrar os defuntos no corpo das igrejas. Não havia ainda cemitérios em Jaraguá. A capelinha do Rosário, situada ao sopé de suave colina, sempre fora a depositária dos corpos pobres, que não podiam ter o luxo de serem enterrados dentro da matriz. Na capelinha do Rosário foi então enterrada Teresa Bicuda, sem cerimônia preliminar. Por três noites consecutivas, ao soar da meia-noite, a população ouvia medrosa os gritos que soltava Teresa Bicuda pedindo que retirassem o seu corpo de dentro da capelinha. Ali não era o seu lugar na morte, como não fora em vida. Ao final do terceiro dia, à meia-noite em ponto, Teresa Bicuda saía do seu túmulo e percorria as ruas quietas da vila, gritando desesperadamente. O terror gelava os que a ouviam. Daquela noite em diante, os notívagos viam sempre surgir lá no fim da rua um imenso vulto branco a correr, deixando cair das suas vestes sujas línguas de fogo, que enchiam o ar do cheiro desagradável de enxofre. Por onde passava, iam ficando os vestígios de seus pecados. A grama queimada, secava. Os animais traziam pêlos sapecados. O povo quis pôr um termo ao martírio que vinham sofrendo. E os homens mais corajosos da vila exumaram Teresa Bicuda e levaram seu corpo, já em vermes, para a serra de Jaraguá. Ali, num lugar pedregoso o jogaram. Um forte cheiro de enxofre enchia o ar. No local numa mais surgiu uma planta, mas também Teresa Bicuda não mais aterrorizou com seus gritos a pacata população jaraguarense. (Teixeira, José Aparecido. Folclore goiano; cancioneiro, lendas, superstições. 3ª ed. São Paulo, Companhia Editora Nacional; Brasília, Instituto Nacional do Livro, 1979, p.208-209 (Brasiliana, 306))
O cavaleiro da Rua das FloresMeu padrinho, de nome João, morava com minha avó, aqui na Rua das Flores. Foi ela quem criou ele. Quando ele ficou rapaz, quis se mudar da casa de minha avó, porque queria ter liberdade. Os velhos eram muito enérgicos. Não gostavam que ele ficasse até tarde na rua.
A procissão dos MortosAqui em Jaraguá, no Largo do Rosário, morava uma mulher. Ela ficava sempre na janela pra explorar a vida dos outros, pra falar da vida alheia. Essa mulher só vivia falando, olhando, murmurando. Falava de um, de outro, de moça, de tudo. Entardecia e ela continuava na janela. Chegava a noite, todo mundo ia dormir, ela continuava lá, até a meia-noite explorando o tempo.
Veja abaixo algumas das festas da cidade- Folia de Reis - 06 de Janeiro - Dia de São Sebastião - 20 de janeiro (feriado municipal) - Carnaval de Rua de Jaraguá - Festa do Divino Espírito Santo - 49 dias após Domingo de Páscoa. - Folia do Divino - a segunda-feira após a Festa do Divino (feriado municipal) - Cavalhadas - No penúltimo e último dia da Festa do Divino - Feira da Indústria do Vestuário de Jaraguá - Festa do Peão - Na semana do dia 29 de julho (aniversário de Jaraguá) - Romaria de Monte Castelo - primeiro domingo de agosto
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